quinta-feira, 10 de junho de 2010

Meio Ambiente e história

Por: Vilmar Berna é escritor e jornalista, editor da Revista e do Portal do Meio Ambiente.

Uma das características que nos diferenciam das outras espécies é nossa capacidade de olhar para o passado.

Nossos museus e patrimônios preservados em cidades como Paraty ou Vassouras, no estado do Rio de Janeiro, contam muito sobre a história, sim, mas sobre os ricos e poderosos, como viveram, onde moraram, o que vestiam, como se transportavam. Mas onde está a versão da história contada pelos índios, que perderam suas terras, vidas e liberdade - e continuam perdendo? Onde está a versão da história contada pelos negros expatriados à força e escravizados sob tortura no Brasil – e que até hoje, sem uma reforma agrária, foram lançado aos milhões na miséria? Onde está a versão dos imigrantes trazidos para o Brasil com a promessa de terras e apoio governamental e tornaram-se mão de obra barata – e até hoje lutam e sofrem com os baixos salários? Onde está a história dos tropeiros, primeiros empreendedores que teceram uma rede de comércio que tornou nosso país independente da Colônia? Em que parte da história está a luta contra a opressão desses bravos que formaram a classe dos trabalhadores brasileiros?

A história que nos ensinam desde os bancos escolares não conta o que aconteceu de fato, mas versões dos fatos, e principalmente as versões dos que tinham o poder para publicar o que quisessem e o poder de reprimirem e censurarem os seus críticos! Era assim no passado, é assim ainda hoje. A comunicação não é neutra, muito menos comprometida com a verdade, mas comprometida com a verdade dos poderosos.

Será que sucessivas gerações que nos antecederam não conseguiram ver o desastre que era toda aquela destruição contra a natureza e toda aquela exploração e dominação sobre pessoas indefesas, enquanto se abriam os caminhos a ferro e a fogo em nome do progresso?

Se as informações que recebemos da história e sobre o nosso passado forem mentirosas ou tendenciosas, nossa análise sobre o futuro estará comprometida e corremos o risco de repetir os mesmos erros, indefinidamente. Agora mesmo, podemos estar cometendo os mesmos erros do passado, aceitando uma imprensa comprometida com os poderosos; governantes comprometidos com os interesses de seu partido, do seu governo e de grupos que, em nome do povo e usando do discurso social e democrático, buscam se assenhorar do Estado para cuidarem de seus interesses, que não são necessariamente os interesses do povo que os elegeu! E por detrás deles, o interesse econômico que a tudo e a todos quer transformar em mercadoria!

E ao povo, pão e circo, como já era oferecido desde o Império Romano, mas agora nas suas formas mais modernas das bolsas-pobreza e de uma televisão que aliena.

Nosso passado não foi muito diferente do que tem sido nosso presente, e se não formos capazes de perceber as armadilhas seguiremos repetindo os mesmos erros, escravos agora de nossas ilusões e das mentiras dos poderosos de sempre!

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